O jejum intermitente pode ser definido como um jejum superior a um jejum fisiológico. Pode ser considerado um estilo de alimentação, que intercala períodos de jejum com períodos de realimentação chamados de ´refead´.
Entre os dois protocolos mais utilizados de como realizar o jejum intermitente, está um que recomenda o espaço de 16 horas sem fazer nenhum tipo de refeição, intercalado com outro período de alimentação de 8 horas, mas para mulheres que fazem atividade física intensa, a indicação é de prática de jejum de 14 horas com 10 horas de alimentação. Este também pode ser chamado de alimentação em tempo restrito.
Já o outro protocolo é o de jejum de 24 horas, distribuído em dois dias na semana, conhecido como “ Eat – Stop – Eat” (Coma-Pare-Coma).
Foram desenvolvidas diversas variáveis neste tipo de jejum e algumas delas com a prática de jejum prolongado além do recomendado, colocando muitas vezes em risco a saúde.
Como o jejum intermitente funciona no emagrecimento?
Quando nos alimentamos, há elevação da glicose sanguínea e, consequentemente, elevação do hormônio chamado insulina, o hormônio que domina a ação de armazenar a gordura dentro da célula.
Quanto mais os níveis de insulina aumentam, mais armazenamos gordura, e quando seus níveis diminuem, mobilizamos a gordura de dentro da célula e a utilizamos como fonte de energia. No jejum, haverá a redução da liberação de insulina, pois se não se ingere alimentos, a insulina fica baixa e reduz a glicose dentro da célula adiposa. Menos energia, menor o acúmulo de gordura e ainda melhor, acontece uma ação chamada lipólise, que é a quebra de gordura dentro da célula que será utilizada como fonte de energia.
O processo é bastante complexo, mas de uma forma simplificada, poderemos resumir dizendo que a gordura entra e sai de nossas células na forma de moléculas chamadas ácidos graxos, que são usados como fonte de combustível em nosso corpo. Dentro das células, os ácidos graxos formam os triglicerídeos, que são a forma em que a gordura é fixada dentro das células adiposas e armazenadas para o futuro.
No jejum prolongado, estes triglicerídeos serão quebrados e haverá a liberação dos ácidos graxos para fora das células gordurosas, para serem utilizados como fonte de energia e consequentemente, fará você emagrecer. No entanto, é importante dizer que em outras dietas, como a Low Carb (dieta de baixo carboidrato), também acontece um processo semelhante.
Acontecem algumas alterações hormonais no jejum intermitente, sendo que uma delas é de grande importância para o sucesso do emagrecimento e preservação da saúde. Essa está relacionada à formação dos hormônios tireoidianos de qualquer forma, que serão afetados com o jejum, mas quando nos realimentamos esta função é retomada, se o jejum for realizado com até 24 horas. Com a extensão do jejum além do limite, este retorno fica prejudicado, pois haverá comprometimento das enzimas que participam da produção dos hormônios tireoidianos, levando a uma redução na atividade da tireóide e de nosso organismo, o que se torna prejudicial.
Sobre este tipo de dieta, não foi demonstrada maior eficácia na diminuição de peso e manutenção da perda em relação a uma dieta com restrição calórica tradicional. A taxa de abandono da dieta foi semelhante nos dois tipos. Tem pessoas que toleram mais o jejum e tem pessoas que não toleram.
A principal indicação para este tipo de dieta seria para pacientes que apresentam falta de tempo para uma dieta controlada, que não têm meios de se alimentar de uma forma adequada no trabalho, ou não têm como levar a comida de casa, ou não têm um lugar próximo onde possa se alimentar bem.
Existe ainda a situação das pessoas que apresentam dificuldade em se controlar, tanto no que comem, quanto na quantidade que comem e também para aqueles que são diabéticos e obesos com resistência insulínica, assim também como pessoas que ainda moram com os pais e que comem o que têm em casa, ou ainda, os que já estão em restrição calórica há muito tempo e não estão mais emagrecendo. Mas, de todos os perfis, o mais importante é se eu tolero o jejum prolongado.
A adesão é mais importante do que a composição de macro nutrientes. Por isso, a dieta deve ser individualizada para cada perfil de paciente. Não existe verdade suprema!