Um dos grandes destaques do Congresso Brasileiro de Diabetes, realizado no Transamérica Expo Center – São Paulo – neste mês, foi a repetição em diversas conferências, que sendo o Diabetes Tipo 2, uma doença complexa, heterogênea e progressiva, deve ser tratada de forma intensiva desde o diagnóstico. Foi dada ênfase sobre a necessidade de superar a inércia terapêutica e iniciar o tratamento o mais precocemente possível, com combinações duplas ou triplas, indicando de forma individualizada, as melhores drogas orais ou injetáveis disponíveis no mercado atualmente.
Comumente, recebemos em nossa clínica, pacientes em uso de metformina por muitos anos. Mesmo sendo uma medicação maravilhosa, não mais se admite a demora em incrementar o tratamento combinado, com base nas recomendações dos algoritmos propostos pelas diversas Sociedades de Diabetes. Devem ser prescritas drogas que, além de serem eficazes e seguras na redução sustentada da hiperglicemia do paciente diabético tipo 2, minimizem o risco de episódios de hipoglicemia, que tenham potencial de diminuição de peso e que, por demonstração de diversos estudos clínicos, promovam a diminuição de eventos cardiovasculares.
Foi abordado diversas vezes que, apesar das inúmeras opções terapêuticas para o tratamento do Diabetes Tipo 2, por vários motivos, as metas terapêuticas não são atingidas no mundo todo. Pouco mais de 50% dos pacientes estão na meta proposta pelos diversos algoritmos disponíveis. A demora em mudar a monoterapia para a combinação de drogas, proporciona a evolução de complicações a longo prazo, principalmente as cardiovasculares.
Não se concebe mais esperarmos os resultados de iniciar com a monoterapia, para, posteriormente, intensificarmos o tratamento. A proposta atual é começarmos o tratamento com a terapia combinada, fixa ou não, com a meta de reduzir as complicações crônicas do diabetes.
Ainda sobre as combinações de medicações, um dos temas mais esperados do congresso foi a apresentação dos estudos das associações fixas de insulina basal com agonistas de GLP1, mais especificamente a insulina degludeca com liraglutida (victoza) e a insulina glargina U100 com lixisenatida (liyxumia). A expectativa quanto aos resultados dessas combinações fixas é o controle glicêmico, com potencial perda de peso e menor risco de hipoglicemias.
Foram grandes os avanços nas áreas de diabetes nos últimos anos, tanto no tratamento medicamentoso, quanto na atenção ao paciente, dentro de suas particularidades. Por isso, a cada dia, se torna inadmissível, que nosso paciente não tenha acesso a um tratamento que o possibilite de ter o controle metabólico adequado e qualidade de vida.