Uma das conferências que mais se destacou no Congresso ENDORIO/2017, realizado no Hotel Hilton Copacabana no Rio de Janeiro, foi a de terapia nutricional para perda de peso. Moda ou ciência? Foram comparadas as diversas dietas hoje mais comentadas, como a Low Carb (de baixa ingestão de carboidratos), Low Fat (de baixa ingestão de gorduras), Jejum Intermitente, DASH, Paleolítica e Mediterrânea e outras, analisando os diversos estudos publicados, onde foram avaliados o resultado de cada uma delas e a comparação entre si.
Foi comentado sobre a dificuldade em fazer um estudo padronizado para a análise de eficácia de uma dieta. Mesmo dentro de determinada dieta, existem várias heterogeneidades, como por exemplo, uma dieta Low Carb, na qual o indivíduo poderá estar ingerindo de 50 a 130g de carboidratos por dia. Estes carboidratos poderão ser de alto ou de baixo índice glicêmico. Existe a dieta Low Carb, com redução da quantidade de gorduras. Além do mais, tem a questão das proteínas, algumas dietas ingerem mais proteínas do que outras, com variação da origem delas, de fonte animal, outras de fonte vegetal. Para ter um resultado absolutamente real, seria necessário isolar o indivíduo, não deixando ele comer nada além daquela dieta fechada, ou seja, é impossível uma padronização.
Na Dieta Low Carb foi comentado sobre um estudo que detectou uma maior perda de peso em relação à dieta tradicional hipocalórica nos seis primeiros meses. Esta perda não se manteve a longo prazo, e neste período, os resultados se igualaram, talvez pela dificuldade em se restringir a ingestão de carboidratos por tanto tempo. Pacientes que se submeteram à dieta Low Carb, que se excederam na ingestão de proteínas, tiveram aumento na incidência de cálculo renal, e nos que se submeteram a dietas muito restritivas, foi demonstrado aumento de constipação, cefaléia, mal estar e redução de qualidade de vida.
Nas dietas Low Fat, também não foi demonstrada superioridade em perda de peso, em relação as outras dietas, mas foram demonstrados melhores resultados no perfil do colesterol. Dieta Paleolítica é conhecida como dos homens e das mulheres das cavernas. Nesta dieta não é permitido nenhum tipo de alimento processado, com recomendação para alimentos como carnes, frutas, vegetais, nozes, ovos e sementes. O único processamento utilizado é um leve aquecimento dos alimentos. Leite não é indicado, talvez por ser pasteurizado. Sua distribuição de nutrientes é trinta por cento de proteínas, trinta por cento de carboidratos e quarenta por cento de lipídeos. Esta dieta, chamada também como Dieta da Caça, é semelhante à Dieta Low Carb. Foi publicado um estudo neste tipo de dieta, realizado com mulheres na pós- menopausa e foi demonstrado perda e manutenção do peso.
A Dieta DASH foi criada para controle da hipertensão arterial e não para obesidade. Foi eleita nos Estados Unidos em 2015, como a melhor dieta para controle cardiovascular. Basicamente, é uma dieta que não tem restrição de calorias, mas com maior estímulo à ingestão de frutas, vegetais, fibras, cereais e menor de carnes e açúcares. Embutidos não são permitidos e há redução ao consumo de sal. Quando associada à restrição calórica e exercícios,proporciona significativa perda de peso. Dieta do Mediterrâneo se utiliza da ingestão de azeites, azeitonas, vegetais, frutas, legumes, grãos e peixes. Recomenda a redução de ingestão de carnes, leite e derivados e o uso moderado de vinho tinto. É uma dieta que está associada a maior longevidade e menor risco cardiovascular. Quando associada à Dieta Low Carb, se observa maior perda de peso.
Quando comparados em um estudo, os três tipos de dieta: Low Carb, Low Fat e Mediterrânea, realizado em uma população composta na sua maioria de homens, na faixa de 50 anos, nos primeiros meses, houve perda significativa nas três dietas, mas a longo prazo, foi demonstrado uma tendência em recuperar peso. A Dieta Mediterrânea foi a mais efetiva em evitar a recuperação de peso, quando comparada as outras duas dietas. Tem pessoas que ficam bem com a dieta da moda.
Na Dieta do Jejum Intermitente, com recomendação científica, são realizados dois tipos: jejum de dias alternados, com pequena ingestão calórica no dia do jejum e alimentação normal no dia seguinte. Um outro tipo de jejum que se pratica é jejuar em dois dias não seguidos da semana, alimentando-se normalmente nos outros cinco dias. Foram desenvolvidos diversas variáveis neste tipo de jejum e algumas delas com a prática de jejum prolongado além do recomendado, colocando em risco a saúde.
Em relação a este tipo de dieta, não foi demonstrada maior eficácia na perda de peso e manutenção da perda em relação a uma dieta com restrição calórica tradicional. A taxa de abandono da dieta foi semelhante nos dois tipos. Tem pessoas que toleram mais o jejum e tem pessoas que não toleram. A principal indicação para este tipo de dieta seria para pacientes que apresentam falta de tempo para uma dieta controlada ou que apresentam dificuldade em se controlar no que comem e para aqueles que são diabéticos e obesos com resistência insulínica.
O que a ciência recomenda para perder peso é uma dieta individualizada. Tem pessoas que ficam bem com a dieta da moda e tem pessoas que não ficam. A maior questão que se coloca é saber os riscos que determinadas dietas podem causar. O que se torna um consenso em todos os estudos analisados é que o ideal é uma dieta rica em vegetais e frutas, proteínas vegetais e fibras, evitando carnes processadas, alimentos ricos em sódio, gorduras trans e carboidratos refinados.
A adesão é mais importante do que a composição de macronutrientes. Por isso, a dieta deve ser individualizada para cada perfil de paciente. Não existe verdade suprema!