O aumento da prevalência da obesidade no sexo feminino também atinge mulheres em idade fértil, assim como o ganho excessivo de peso durante a gestação, causando complicações maternas e fetais.
Os riscos são em decorrência de alterações hormonais, respiratórias, circulatórias e metabólicas. Na mãe, aumenta a chance de cesáreas, trombose venosa, aborto, diabetes gestacional, eclâmpsia, pré-eclâmpsia e mortalidade materna. No feto, aumenta o risco de macrossomia (peso ao nascimento acima de 4kg), anomalias congênitas, prematuridade, aumento de admissão em unidade de tratamento intensivo e até morte perinatal.
O risco de diabetes gestacional é cerca de três vezes mais frequente em gestantes obesas, como consequência da gestação ser um período de muitas mudanças hormonais, que também podem gerar resistência insulínica, ou seja, não deixar que a insulina exerça sua função de forma adequada, que é colocar a glicose para dentro da célula. Caso o organismo não compense esta disfunção, poderá desencadear tolerância diminuída ao açúcar e diabetes.
Com relação à hipertensão gestacional e pré-eclâmpsia, quando comparado às gestantes de peso normal, o risco em mulheres obesas é de 4,6 vezes maior.
O aumento de triglicerídeos é fonte extra de energia para o feto e sua elevação contribui para a incidência de recém-nascidos com peso excessivo. Com relação ao colesterol elevado, este também acarretará danos à gestação, pois, quando em excesso, entre outras alterações metabólicas, diminui a efetividade das contrações uterinas, prejudicando o trabalho de parto.
Estudos demonstram que o aumento da medida da circunferência abdominal antes da gestação está relacionado com hipertensão arterial durante a gravidez, assim como a chance do parto evoluir para cesariana.
A obesidade pode prejudicar a amamentação!
Além dessas complicações todas, também é demonstrado que mães obesas amamentam menos, pois a liberação da prolactina (hormônio responsável pela produção de leite) fica menos responsiva à sucção do bebê e, consequentemente, pode levar à redução do leite materno. Devem ser consideradas também dificuldades ergonômicas da mãe e, muitas vezes, casos de depressão.
Os bebês nascidos de mães obesas também apresentam riscos de complicações, tanto durante o parto como em outras fases de suas vidas.
Como sempre, enfatizamos a necessidade de medidas de prevenção da obesidade. Mas, se o quadro está presente na gestação, é necessário um reforço nas orientações da mãe, deixando claro os grandes riscos de sua gravidez e a importância dos cuidados no pré-natal, no parto e ainda no pós-parto.